Esperança também tão comoventemente exposta no conto " Repouso" onde o Joaquim Lomba que " quase não trabalhava" porque "ninguém o queria, nem a dias nem de empreitada." e que levava " uma existência negra[...]sozinho, sujo, coberto da sombra do medo e da desconfiança dalgumas léguas em redor"e " trazia estampada no rosto a ferocidade" que fazia correr " por todos um calafrio de pavor" , mas a quem " Mazombo, ensimesmado, a marca que sentia na cara dava [...] uma tristeza funda, de revolta esganada.” E em quem " Em certas horas, uma humanidade estuante, larga, generosa, que também nele morava, queria mostrar-se à luz do sol", sem que contudo lhe fosse dada qualquer oportunidade, pois " o primeiro a quem dava os bons dias cortava-lhe aquela onda fraternal em bocados"( como a fronteira entre a virtude e o defeito é afinal ténue!) e há aqui como que uma génese do ódio, da raiva, naqueles a quem por vezes não resta alternativa ao " vazio, um desespero sem remédio, um abandono maior do que o das pedras, prefigura[ndo-lhe][...] o inferno" . E também este é salvo pela corajosa inocência, pela bondade primordial representada pelo " garoto" "com nove anos " que defendia com "decisão" a sua " quimera" a cuja coragem o Joaquim Lomba se rendeu " comovido" murmurando " Chegou para mim" , contente por ser finalmente tratado como um igual...
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