quarta-feira, 4 de abril de 2012

Fronteira

A questão do dever e da fidelidade a princípios que , também de forma simplicíssima, é abordada em " Fronteira" onde o Robalo,  um" rapaz[ ...] do Minho , acostumado ao positivismo da sua terra" ,uma personagem que tão bem representa o  chamado " universal singular" , (o quase chavão usado a propósito de Miguel Torga que toda a gente, mesmo quem nunca leu uma linha sua, conhece), fica estupefacto porque a idiossincrasia de uma aldeia inteira entra em total contradição com a sua própria forma de estar e de pensar, herança  de tempos imemoriais, e que ele, por uma questão de princípio,  decide impor aos demais porque  " só ele marcha bem" . Por isso," Pelo ribeiro fora parecia um cão a guardar"e aqui, como no mundo do nosso dia a dia,quaisquer meios pareciam justificar os fins " Em quinze dias foram dois tiros no peito do Fagundes, um par de coronhadas no Albino, e ao Gaspar teve-o mesmo por um triz[...] a bala passou-lhe a menos de meio palmo das fontes." ( a paz  de todos, das sociedades, - ou de quem manda nas sociedades? - a justificar os crimes , as guerras..e lembro que este conto foi escrito e publicado em plena vigência do regime fascista!), e uma vez mais aqui Miguel Torga concede a salvação ao homem que vive na " fronteira" entre a civilização e a barbárie dando à civilização a vitória " porque o coração dos homens, por mais duro que seja, tem sempre um ponto fraco por onde lhe entra a ternura"

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