quarta-feira, 4 de abril de 2012

No século XIX era assim...

“Se alguma hora da história impôs aos que falam alto entre os povos obrigações de seriedade, de profunda abnegação, de sacrifício do eu às tristezas e misérias da humanidade, de trabalho e silencioso pensamento (…) é o nosso século. Refundem-se as  crenças antigas. Geram-se com esforço novas ideias. Desmoronam-se as velhas religiões. As instituições do passado abatem-se. O futuro não aparece ainda (…) há toda uma humanidade em dissolução, de que é preciso construir uma humanidade viva, sã, crente e formosa. Mas de onde sairiam os grandes homens para este grande trabalho? Das academias? Das arcádias? Das sinecuras opulentas? Dos chorrilhos de elogio mútuo? Sairiam as águias das capoeiras?

“Quisera só defender a liberdade e a dignidade de pensamento (…) Nunca literatura alguma teve a obrigação de ser elevada, grave, séria, desambiciosa, como a literatura deste povo decadente…”

CIDADE, Hernâni,  Antero de Quental, a questão coimbrã

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