quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A Mancha Humana


 Este livro fez-me descobrir, uma vez mais, que o lado aparentemente mais "sacana" dos seres humanos, não passa afinal da sua mais humana fraqueza, portanto digna de pena.
 Contém partes importantes do que busco em todas as leituras : - Uma explicação plausível para as numerosas contradições que se nos deparam, uma contribuição para esta busca incessante de um caminho certo, de uma resposta para o terror paralisante de não ter feito as melhores escolhas, tendo em conta que só se vive uma vez….
A consciência de si que  parece,neste livro, às vezes, ser tão falsa ou enganosa como a consciência do outro, outras, manipular perigosamente os dados, baralhando-os, confundindo-os, tornando praticamente impossível conhecer quem quer que seja. Será que afinal o avanço da psicologia e da sociologia implica um recuo no conhecimento da alma humana, que parece cada vez mais obscura?! Por outro lado, vislumbram-se, neste livro, consequências possíveis da instauração de uma meritocracia  que pode muito bem tornar-se um “ pau de dois bicos “ quer para o sujeito envolvido, quer para a sociedade envolvente. A questão da procura do seu lugar no mundo, que por vezes conduz de forma perniciosa a uma entrada numa luta de poderes a que não se pertence, onde nunca se pretendeu entrar…A confusão que alguns seres humanos fazem, entre a conquista deste lugar no universo, e a primária delimitação de território, (ponto de partida mal perspectivado, humanamente errado, para a situação individual no universo) é, também, uma das aparentes propostas de reflexão deste livro.. Há, ainda, a conclusão vulgar, mas sempre nova, de que o problema maior de cada ser humano como indivíduo é a sua solidão, a solidão em que nos encontramos todos no fim ( nós e Deus(?) , nós e a natureza(?)(o universo imenso ), cada um de nós um simples  e insignificante” X numa folha de papel em branco” ( esta imagem, e o que me parece ver nela de simbólico- a ausência de significado que cada um de nós transporta quando confrontado a sós com um universo imenso e insondável) é muito interessante!; Também me agradou pelas coisas mais pequenas, como pela desconcertante sofisticação que as relações humanas assumem aqui,  pela surpresa de ver quão ténue é a fronteira entre a autenticidade e o embuste, ou entre a sanidade e a loucura,  pela quantidade de aparentes contrasensos que afinal são a matéria de que é feita a vida, pela hipocrisia dos poderosos/ o abandono a que são votados os indefesos ( que afinal só se têm uns aos outros, como os veteranos - “ os implacáveis e os indefesos “ de que fala o livro), pelo modo como os problemas raciais são mostrados( como no cinema, através do comportamento de personagens das variadas raças) , sem o paternalismo habitual, isto é, sem os vilões e as vítimas do costume. Ao fim e ao cabo, há, ainda, personalizada em Coleman e na sua escolha, para a qual parece não ter tido outro remédio, a velhíssima questão de dimensão Bíblica  a”horrível imperfeição elementar”( o pecado original?) ,”a nódoa que deixamos atrás de nós e que é infinita”, que, a avaliar pelo título do livro é o Leitmotiv da obra…

 

 

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