Este livro fez-me descobrir, uma vez mais, que o lado aparentemente
mais "sacana" dos seres humanos, não passa afinal da sua mais humana fraqueza,
portanto digna de pena.
Contém partes importantes do que busco em
todas as leituras : - Uma explicação plausível para as numerosas contradições
que se nos deparam, uma contribuição para esta busca incessante de um caminho
certo, de uma resposta para o terror paralisante de não ter feito as melhores
escolhas, tendo em conta que só se vive uma vez….
A consciência de si que parece,neste livro, às vezes, ser tão falsa ou enganosa como a consciência do outro,
outras, manipular perigosamente os dados, baralhando-os, confundindo-os,
tornando praticamente impossível conhecer quem quer que seja. Será que afinal o
avanço da psicologia e da sociologia implica um recuo no conhecimento da alma
humana, que parece cada vez mais obscura?! Por outro lado, vislumbram-se, neste
livro, consequências possíveis da instauração de uma meritocracia que pode muito bem tornar-se um “ pau de dois
bicos “ quer para o sujeito envolvido, quer para a sociedade envolvente. A
questão da procura do seu lugar no mundo, que por vezes conduz de forma
perniciosa a uma entrada numa luta de poderes a que não se pertence, onde nunca
se pretendeu entrar…A confusão que alguns seres humanos fazem, entre a
conquista deste lugar no universo, e a primária delimitação de território,
(ponto de partida mal perspectivado, humanamente errado, para a situação
individual no universo) é, também, uma das aparentes propostas de reflexão
deste livro.. Há, ainda, a conclusão vulgar, mas sempre nova, de que o problema
maior de cada ser humano como indivíduo é a sua solidão, a solidão em que nos
encontramos todos no fim ( nós e Deus(?) , nós e a natureza(?)(o universo
imenso ), cada um de nós um simples e
insignificante” X numa folha de papel em branco” ( esta imagem, e o que me
parece ver nela de simbólico- a ausência de significado que cada um de nós
transporta quando confrontado a sós com um universo imenso e insondável) é
muito interessante!; Também me agradou pelas coisas mais pequenas, como pela
desconcertante sofisticação que as relações humanas assumem aqui, pela surpresa de ver quão ténue é a fronteira
entre a autenticidade e o embuste, ou entre a sanidade e a loucura, pela quantidade de aparentes contrasensos que
afinal são a matéria de que é feita a vida, pela hipocrisia dos poderosos/ o
abandono a que são votados os indefesos ( que afinal só se têm uns aos outros,
como os veteranos - “ os implacáveis e os indefesos “ de que fala o livro),
pelo modo como os problemas raciais são mostrados( como no cinema, através do
comportamento de personagens das variadas raças) , sem o paternalismo habitual,
isto é, sem os vilões e as vítimas do costume. Ao fim e ao cabo, há, ainda,
personalizada em Coleman e na sua escolha, para a qual parece não ter tido
outro remédio, a velhíssima questão de dimensão Bíblica a”horrível imperfeição elementar”( o pecado
original?) ,”a nódoa que deixamos atrás de nós e que é infinita”, que, a
avaliar pelo título do livro é o Leitmotiv da obra…
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